Artistas unem vivências no Pará e em Roraima e lançam música indie amazônica
10/09/2025
(Foto: Reprodução) Caobe e Pitã, membros da dupla Pacu the Fish
Divulgação/Pacu the Fish
O brega de Wanderley Andrade, o indie de Mac DeMarco, o regionalismo da Banda Calypso e o futurismo de Charli XCX. As influências que parecem distantes se encontram no som da Pacu The Fish, dupla formada por Caobe Rodrigues, de Roraima, e Victoria Narciso Pitã, do Pará. O resultado é o que os artistas chamam de indie amazônico, que une elementos da música popular do Norte com a estética alternativa global. O primeiro single, "Bar do Paulo", chegou às plataformas digitais nesta quarta-feira (10).
Ouça Bar do Paulo no Spotify clicando aqui.
A parceria começou em 2024, quando Caobe se mudou para Santarém (PA) e conheceu Pitã. A conexão musical nasceu de encontros informais entre amigos e logo se transformaram em composições. (Veja o vídeo clipe da canção abaixo).
🐠 O nome escolhido para a dupla também carrega a força da Amazônia. O pacu, peixe de água doce muito presente nos rios do Norte, é conhecido por ser resistente, versátil e parte da cultura alimentar da região. Para Caobe e Victoria, trazer o peixe para o nome do projeto é uma forma de reafirmar suas origens e brincar com o imaginário amazônico.
“A gente falava sobre nossas referências, como Tame Impala e Mac DeMarco, e pensava em como seria legal misturar esse estilo com o brega, com os sons do Norte. No começo foi uma diversão, e acabou virando o Pacu”, contou Caobe.
Pitã lembra que a banda nasceu de uma tarde despretensiosa, mas que logo ganhou força.
“As nossas influências sempre foram Mac DeMarco, Lana Del Rey, Cage the Elephant e, claro, o brega paraense, como Wanderley Andrade, Banda Calypso e Viviane Batidão. Foi essa fusão que fez a gente encontrar o nosso som”, disse.
De acordo com a dupla, a união representa um diálogo cultural dentro da Amazônia. De um lado, as referências de Boa Vista, onde a música eletrônica de rolês jovens e o brega convivem nas ruas e nos bares; do outro, a tradição do brega paraense, que há décadas embala festas e rádios do Norte.
Na Pacu The Fish, essas duas trajetórias se cruzam e se transformam em novas sonoridades, mostrando que a música amazônica é diversa, mutável e cheia de possibilidades.
O single Bar do Paulo e o videoclipe que o acompanha falam sobre a juventude no Norte e as dificuldades enfrentadas por quem cresce em meio a problemas estruturais, mas também sobre resistência e encontros. Para Caobe, a música retrata como a mesa de bar se transforma em espaço de sociabilidade, especialmente para pessoas LGBTQIA+.
“Às vezes uma mesa de bar é o único lugar de troca, de afeto, de encontro”, destacou.
Capa do single Bar do Paulo, da dupla Pacu the Fish
Divulgação/Pacu the Fish
Pitã relembra que a composição começou em meio às queimadas na região do Tapajós, mas acabou se transformando em um registro das emoções dos dois artistas.
“O sentimento diante desse lançamento é de sonho realizado. Independente da proporção que vá tomar, é muita alegria ver uma música que a gente escreveu e produziu chegar ao público”, disse.
“É um nome divertido, fácil de lembrar e que conecta a gente diretamente ao lugar de onde viemos”, explicam.
Com humor, deboche e uma sonoridade que mistura o popular e o experimental, o Pacu The Fish quer expandir as fronteiras musicais do Norte e firmar o pop amazônico como um novo caminho dentro da cena brasileira.
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