Condenado por tortura e série de agressões contra esposa em RR disse que faria ela 'passar de louca'
11/12/2025
(Foto: Reprodução) Homem é condenado por obrigar esposa a beber óleo e ameaçar queimá-la em Boa Vista
O administrador de empresas Bruno Brandão Bispo, condenado a mais de 9 anos de prisão por torturar a ex-companheira em Boa Vista, manipulava a vítima psicologicamente para evitar que ela o denunciasse. O agressor afirmava que faria a mulher "passar de louca" caso ela relatasse a violência.
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A estratégia de descredibilizar a vítima foi citada na decisão da juíza Suelen Márcia Silva Alves, do 1º Juizado de Violência Doméstica, que condenou Bruno por tortura, lesão corporal e violência psicológica na última semana.
De acordo com o documento, a vítima relatou que Bruno dizia que não a agredia na frente de outras pessoas propositalmente, para sustentar a narrativa de que ela que seria a desequilibrada da relação.
Na sentença, a magistrada destacou que a defesa do réu tentou utilizar estereótipos de gênero para atacar a moral da vítima, ao sugerir que ela era uma "pessoa vingativa" capaz de forjar uma denúncia apenas para prejudicá-lo.
"Trata-se, em realidade, de artifício retórico que, ao invés de contestar os fatos objetivos, ataca a moral da vítima e que, no presente caso, não encontra amparo", escreveu a juíza na decisão.
A vítima denunciou o caso meses após meses de agressões, que ocorreram entre novembro de 2024 e abril de 2025. Para a Justiça, a demora da vítima em procurar a polícia não indica mentira, mas sim um comportamento típico de quem vive o ciclo da violência e do medo imposto pelo agressor.
Além da pena de prisão, ele deverá pagar R$ 15 mil de indenização por danos morais à mulher. O g1 tenta contato com a defesa de Bruno Brandão Bispo. Durante o processo, ele negou a tortura e alegou que as agressões eram mútuas.
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O caso
Bruno Brandão Bispo, de 37 anos, foi condenado a 9 anos e 10 dias de prisão em regime fechado por tortura, agressão e violência psicológica. Ele está preso desde junho.
Em um dos episódios, ele obrigou a ex-companheira a ingerir metade de um frasco de óleo corporal e ameaçou queimar o rosto dela com um ferro de passar roupas. Enquanto a agredia, Bruno proferiu ofensas racistas e misóginas.
Em outro, ele apontou uma arma para a cabeça da vítima e exigiu que ela pedisse perdão, sob ameaças de atirar. O crime ocorreu na frente do filho do acusado, uma criança, que chegou a pedir para o pai não matar a vítima.
Bruno Brandão Bispo, 37 anos, condenado por tortura, lesão corporal e violência psicológica
Reprodução
A defesa alegou que a arma usada seria de airsoft (pressão), mas a Justiça considerou que isso não diminui a gravidade da ameaça e do abalo psicológico causado, já que a vítima acreditava correr risco de morte.
A condenação também inclui o crime de violência psicológica. A investigação apontou que a vítima desenvolveu traumas profundos passou a tomar remédios para dormir e precisar de acompanhamento psicológico.
A juíza rejeitou as versões da defesa, ao apontar que as provas periciais e testemunhais comprovaram integralmente o relato da vítima. O réu, que já estava preso preventivamente, teve o direito de recorrer em liberdade negado.
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