Ex-prefeito de Bonfim é suspeito de fraudar licitações e usar empresária como 'testa de ferro' em esquema de desvios
07/10/2025
(Foto: Reprodução) Joner Chagas, ex-prefeito do município de Bonfim (RR)
Reprodução/Instagram/Joner Chagas/Arquivo
O ex-prefeito de Bonfim, Joner Chagas, de 51 anos, é investigado pela Polícia Federal suspeito de controlar um esquema de desvio de dinheiro em contratos de obras públicas no município, ao Norte de Roraima. A suspeita é de que ele usava uma empresária como "testa de ferro" para esconder a ligação com os recursos.
🔎 "Testa de ferro" é quem empresta o nome ou documentos para esconder o verdadeiro responsável por um negócio.
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Procurado, Joner Chagas disse que está tranquilo, confia na Justiça e vai provar a inocência nos autos do processo. "Ao longo da minha vida pública, sempre pautei minhas ações pelo respeito à lei, transparência e zelo com o recurso público. Tenho certeza que a verdade prevalecerá", ressaltou.
As investigações apontam que Chagas controlava os contratos de uma construtora e o dinheiro desviado. Ele usava Mariângela Moleta, de 57 anos, sócia da Construtora Prosolo, para esconder que era o verdadeiro beneficiário dos valores. A empresa tem contratos milionários com a prefeitura de Bonfim.
A empresária foi presa em flagrante pela Polícia Federal com mais de R$ 500 mil em espécie, junto com o marido e a filha, na última quarta-feira (1°). As prisões aconteceram após uma denúncia anônima (entenda mais abaixo).
Segundo as investigações, mensagens de texto trocadas em uma rede social apontam que o ex-prefeito dava instruções diretas à empresária sobre a execução de serviços, a movimentação do dinheiro e o controle do fluxo financeiro. O objetivo, de acordo com a PF, era dar aparência legal aos repasses.
"Ao analisar as conversas de WhatsApp entre MARIANGELA E JONER CHAGAS, verificou-se possivelmente que MARIANGELA estaria atuando como 'testa de ferro' de JONER, que exerce papel de controle do contrato, indicando, inclusive, valores e destinatários dos recursos advindos do instrumento", diz um trecho do inquérito da PF obtido pela Rede Amazônica.
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Em setembro, segundo a PF, o ex-prefeito negociou com a empresária o valor de medição de uma obra "provavelmente fictícia" em uma estrada. Chagas ainda indicou um engenheiro civil da prefeitura para validar a medição.
Em outras conversas, a empresária enviou fotos de placas de obras no município para o ex-prefeito verificar se estavam corretas. Para a PF, isso reforça que Joner era quem realmente gerenciava a obra investigada.
O g1 procurou a empresária sobre o assunto, e aguarda o retorno.
Segundo a Polícia Federal, o ex-prefeito de Bonfim (RR) negociou a fraude de um contrato com a empresária.
Reprodução
Além deles, a PF investiga a participação do servidor público Cirilo Francis de King e Campos Júnior, que atuava como pregoeiro e agente de contratação da prefeitura. Ele é responsável por assinar o resultado final do pregão que permitiu pagamentos do município à construtora envolvida no esquema.
De acordo com as investigações, Cirilo também indicou uma chave Pix para receber valores da empresa. Parte do dinheiro foi transferido para a filha dele. O g1 tenta contato com o servidor.
A construtora tem contratos que somam mais de R$ 50 milhões com a prefeitura de Bonfim. Um deles, de R$ 8,3 milhões, é para manutenção de vicinais. O outro, de R$ 41,9 milhões, também envolve serviços nas áreas.
Procurada, a Prefeitura de Bonfim disse que todos os procedimentos seguiram "rigorosamente os ritos legais, em conformidade com a legislação vigente". Ressaltou ainda que confia que todos os fatos serão devidamente esclarecidos.
Presos com mais de R$ 500 mil
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Mariângela Moleta, a filha e o marido dela foram presos em flagrante, após denúncia anônima, com mais de R$ 500 mil, na última quarta-feira (1º). O valor, segundo a PF, veio de recursos públicos desviados.
Ao serem abordados, os três afirmaram que usariam o dinheiro para pagar funcionários e alugar máquinas, com base em contrato com a prefeitura de Bonfim. No entanto, não conseguiram citar nomes nem justificar porque os pagamentos seriam feitos em espécie.
Segundo as investigações, o saque em dinheiro foi uma estratégia para dificultar o rastreamento dos valores e esconder a origem ilegal dos recursos, caracterizando crime de lavagem de dinheiro.
"A realização de saques em espécie, em substituição à movimentação bancária formal, revela comportamento deliberado destinado a dificultar o rastreio patrimonial", diz o documento da PF.
A Polícia Federal pediu à Justiça o bloqueio de um empenho de R$ 5 milhões da prefeitura, referente ao contrato de manutenção de estradas vicinais, além da suspensão das atividades da construtora.
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