Irmã de vendedor carbonizado e mutilado em 2018 cobra punição de tenente da PM e ex-esposa suspeitos do crime
11/07/2025
(Foto: Reprodução) Vítima, Luiz Eduardo Peixoto Araújo, de 34 anos, foi morta em 2018 após desentendimento por venda de carro. Tenente de Polícia Militar (PM), Cleonio Santos da Silva, de 51 anos, e a ex-esposa, Maria Elias Araújo, de 52, foram alvos de uma operação da Polícia Civil por suspeita de envolvimento na execução. Irmã do vendedor Luiz Eduardo Peixoto Araújo, de 34 anos, encontrado morto, carbonizado e mutilado em fevereiro de 2018.
Naamã Mourão/Rede Amazônica
“Foi um crime horrível, uma crueldade sem tamanho”. O desabafo é da irmã do vendedor Luiz Eduardo Peixoto Araújo, de 34 anos, encontrado morto, carbonizado e mutilado em fevereiro de 2018. Sete anos após o crime, ela, que preferiu não se identificar, pede a prisão dos suspeitos após a Polícia Civil mirar o tenente de Polícia Militar (PM), Cleonio Santos da Silva, de 51 anos, e a ex-esposa, Maria Elias Araújo, de 52, em uma operação para investigar o crime.
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Contra Cleonio e Maria foram cumpridos mandados de busca e apreensão na última terça-feira (8). A suspeita é de que Cleonio seja o autor da execução e Maria Elias, a mandante.
"[Quero] que daqui a um tempo a gente possa ver essas pessoas atrás das grades, sejam elas quem forem, porque a gente espera, de um policial que ele venha a preservar a vida, e nunca tirá-las", disse a irmã em entrevista à Rede Amazônica.
O g1 tenta contato com as defesas de Maria Elias e de Cleonio.
Tenente Cleonio e a ex-esposa, Maria Elias, são alvos de operação da Polícia Civil
Reprodução
A investigação aponta que Luiz Eduardo foi morto após um desentendimento com Maria Elias. Segundo o inquérito, Maria Elias anunciou a venda de um carro em um aplicativo, após isso, um homem não identificado usou o anuncio dela para aplicar golpes em outras pessoas.
Uma das pessoas foi Luiz Eduardo, que enviou R$ 3 mil para o golpista e, como o anuncio não era dele, não recebeu o carro. Luiz então foi cobrar Maria Elias, que não havia recebido o dinheiro e não sabia do golpe.
Luiz passou então a fazer repetidas cobranças à Maria o que gerou uma troca de mensagens com ameaças entre os dois. Maria relatou o caso a Cleônio, seu então marido, que teria afirmado que “resolveria a situação”. Poucas horas depois, Luiz desapareceu. O corpo foi encontrado mutilado e carbonizado em uma região de lavrado na zona Oeste de Boa Vista.
'Era uma pessoa que não merecia isso'
Luiz Eduardo Peixoto Araújo, de 34 anos, negociava a compra de um carro
Elisabet Araújo/Arquivo pessoal
Para familiares e amigos, o tempo não diminuiu a dor — nem a vontade de ver justiça sendo feita. Segundo a irmã, Luiz era evangélico, e trabalhava com missões e trabalhos sociais em uma igreja evangélica.
"Ele evangelizou por todo o estado na juventude. Quando adulto, também continuou como teatro na igreja. Ele sempre foi uma pessoa boa. Era uma boa pessoa. Não tinha antecedentes criminais. Não era uma pessoa que quisesse fazer um mal.
"Era pessoa que não merecia isso. Não é porque os anos vão se passando que ele foi esquecido. Pelo contrário: ele é sempre lembrado”.
Para a irmã, o sentimento é 'agridoce'. A família fica feliz que as investigações estão andando, mas "não dá pra ficar feliz numa situação dessas".
"É um alívio de que as investigações não estão paradas. A família, como todos os amigos, ficam, entre aspas, 'felizes'. Porque não tem como dizer que está feliz em uma situação dessa", disse.
Investigação da Polícia Civil
Na terça, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão contra Cleônio e Maria. Celulares, computadores e documentos foram recolhidos. Os dois também tiveram os sigilos telefônicos e de redes sociais quebrados por ordem judicial.
De acordo com o inquérito, o tenente da PM teria utilizado seu cargo para praticar crimes, inclusive em ambiente doméstico. A suspeita é que ele seja o autor da execução de Luiz, e Maria, a mandante.
O ofício ainda pontuou que apesar dos suspeitos negarem envolvimento, ambos "deixaram pontas soltas", como a troca de linhas telefônicas após o crime, como estratégia "para dificultar as investigações".
Maria teria sido orientada pelo marido a "se livrar do chip" do próprio aparelho celular no dia seguinte à notícia do desaparecimento de Luís Eduardo.
O material apreendido deve embasar a continuidade das investigações, que seguem em andamento.
No local do crime, a perícia encontrou uma cápsula de munição calibre .40, de uso restrito das forças de segurança. O calibre é compatível com o tipo de ferimento encontrado na vítima e reforçou a suspeita de participação de um agente público no crime.
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Tenente da PM Cleonio Santos da Silva
Durante a investigação, a polícia apontou inconsistências nas versões apresentadas por Cleonio e Maria, além de álibis considerados "frágeis". O PM alegou que estava em um curso da corporação no dia do crime, mas os registros oficiais desapareceram ou não puderam ser confirmados.
Além deste caso, Cleônio já responde por outras acusações graves, como tortura e lesão corporal. A polícia também identificou movimentações suspeitas em linhas telefônicas dos dois investigados logo após o crime e durante as investigações, o que levanta a hipótese de tentativas para dificultar o trabalho dos investigadores.
O tenente Cleonio é réu por invadir uma fazenda e intimidar o ex-marido da atual companheira dele usando policiais e o aparato da polícia, em março de 2024. Ele chegou a ser preso, mas está solto desde dezembro de 2024.
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